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PM australiano anuncia acordo com Timor-Leste para oferta de navios patrulha

Perth, Austrália, 03 nov (Lusa) - O primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull,anunciou hoje que Timor-Leste aceitou uma oferta de Camberra de dois navios para patrulhar as águas timorenses, saudando ao mesmo tempo o acordo sobre fronteiras marítimas entre os dois países. 
 
"Conseguimos resolver a disputa de fronteiras entre os dois países e é particularmente valioso e importante que tenhamos conseguido isto, mas temos também um programa de construção os novos navios de patrulha do Pacífico", disse Malcolm Turnbull, em Perth.


"Estamos a fornecer esses navios para os nossos parceiros no Pacífico e tínhamos definido que dois navios poderiam ir para Timor-Leste e hoje o primeiro-ministro Mari Alkatiri confirmou que Timor-Leste aceita os navios", afirmou.


Trata-se, disse, de "mais dois navios que serão construídos aqui e que irão patrulhar as águas de Timor-Leste", disse Turnbull.


O anuncio inesperado de Turnbull, foi feito durante um jantar de gala da Conferência Regional da Ásia e Pacífico que decorre em Perth, na Austrália Ocidental, e depois do que inicialmente pareceu uma 'gaffe' do chefe do Governo.
Turnbull, que estava sentado ao lado de Mari Alkatiri na mesa de honra do jantar - onde estava também o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier - não mencionou no seu discurso de boas vindas a presença do primeiro-ministro timorense.


Depois dos discursos oficiais, incluindo o de Steinmeier, Turnbull voltou a pedir a palavra e perante as centenas de participantes no jantar anunciou o acordo de Timor-Leste que foi confirmado durante uma reunião bilateral que manteve com Alkatiri hoje.


"Temos que agradecer ao Governo australiano por esta oferta. Depois de termos chegado a acordo sobre a nossa fronteira comum, agora também temos que a defender", disse Alkatiri que Turnbull chamou ao palco para o anúncio.
"Considero esta uma grande oportunidade. Aceitamos esta oferta e faremos o nosso melhor para partilhar as fronteiras", afirmou.


Mari Alkatiri e a delegação oficial timorense que está em Perth para a conferência tinha hoje visitado nos arredores de Perth, na Austrália Ocidental, a unidade da empresa australiana Austal onde estão a ser construídos os navios do Programa de Segurança Marítima do Pacífico (PMSC, na sua sigla em inglês), do Governo australiano.


O chefe do Governo timorense explicou à Lusa que o V Governo, liderado por Xanana Gusmão, decidiu "de forma correta e consistente" adiar uma decisão sobre o programa "até se resolver a questão da fronteira marítima" entre Timor-Leste e a Austrália.


"Agora com o tratado quase assinado e a fronteira quase decidida, podemos retomar este assunto", explicou Alkatiri.
Os navios Austal PPB40, com 29,5 metros de comprimento e 08 metros de largura, tem o casco construído em aço - para aumentar a sua durabilidade - e restante estrutura em alumínio, o que lhe permite mais amplitude e velocidade de ação.


Com autonomia para estar no mar durante 20 dias e uma velocidade máxima de 20 nós o navio é considerado ideal para patrulhar na zona da costa sul de Timor-Leste.


Mick Rozzoli, adido de Defesa na embaixada australiana em Díli, e que acompanhou a visita de hoje, explicou à Lusa que o assunto tem estado na agenda bilateral desde 2013 quando primeiro Timor-Leste contactou a Austrália relativamente à possibilidade de adesão ao Programa de Navios de Patrulha no Pacífico (PPBP, na sua sigla em inglês).


Esse programa, que foi substituído em 2014 pelo PMSC, permitiu a doação de 22 navios patrulhas a 13 países beneficiários, todos da região do Pacífico.


Central no relacionamento na área de defesa da Austrália na região e em vigor desde 2014 o PMSC prevê a doação de até 21 navios de patrulha que irão substituir os 22 navios dados aos mesmos países entre 1987 e 1997, o primeiro dos quais deve ser entregue em outubro de 2018.


Além da doação dos navios o programa prevê o apoio na formação de até três tripulações - cada navio pode ter até 23 elementos - e a manutenção durante 30 anos.


Rozzoli explicou à Lusa que o facto de Timor-Leste não ter aderido de imediato ao programa implica que o país, se assinar agora, só poderá receber os navios em 2023, sendo que é essencial começar "desde já" a formação da tripulação.


Timor-Leste já tem, recordou, alguns efetivos do seu componente naval com formação - incluindo alguma recebida na Austrália - mas será necessário avançar para uma formação e treino mais amplo que, em alguns casos, pode demorar mais de uma década.


Caso a formação não esteja concluída no momento em que os dois navios estejam preparados para ser entregues, uma das opções poderá ser o recurso a tripulações mistas, timorenses e australianas.


@LUSA TL

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